A Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo (ACIANF) participou, nesta quinta-feira (17/04), de uma reunião promovida pelo Rotary Clube de Nova Friburgo, que reuniu autoridades da segurança pública, da mobilidade urbana e representantes da sociedade civil para discutir medidas urgentes e eficazes frente ao crescente número de acidentes envolvendo motocicletas na cidade.
Representaram a ACIANF no encontro o presidente Roosevelt Concy, o presidente do Conselho Deliberativo Jackson Thedin e o vice-presidente de Comunicação Júlio Cordeiro. A reunião foi convocada após um grave acidente envolvendo o membro do Rotary Caledônia, Mário Esteves, atropelado por um condutor de motocicleta em alta velocidade que não prestou socorro, na Rua Augusto Spinelli, logo após uma reunião no clube.
O presidente do Rotary Nova Friburgo, Ney Camargo, abriu a sessão ressaltando que a pauta extrapola o âmbito individual e atinge diretamente a segurança da população, o bem-estar social e a saúde do ambiente empresarial local. “Trata-se de um problema coletivo, que demanda uma resposta unificada de todos os setores da sociedade”, pontuou.
Mesa com lideranças do Rotary clube, órgão públicos e sociedade civil
Júlio Cordeiro, que presenciou o atropelamento de Mário Esteves, alertou sobre os riscos de inércia diante da escalada de acidentes com motocicletas na cidade. “É urgente implementar medidas concretas para garantir a segurança viária e evitar novas tragédias”, ressaltou.
Durante o encontro, os filhos de Mário Esteves, Mário Filho e Renata Esteves, prestaram seus depoimentos, atualizando os presentes sobre o estado de saúde do pai e reforçando a urgência de ações concretas. A comoção e o senso de responsabilidade compartilhada dominaram o tom dos discursos ao longo da reunião.
Momento do acidente de Mário Esteves
O secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Filipe Laginestra, apresentou as diretrizes da nova fase da secretaria, destacando que, além da fiscalização, agora compete à pasta a responsabilidade sobre a reestruturação viária e a sinalização de logradouros e calçadas. Ele também destacou iniciativas como a implementação de escolas de trânsito, ações de educação nas escolas municipais e a reprogramação semafórica como parte do Plano de Mobilidade. “O que vemos no trânsito é uma irresponsabilidade total. Precisamos sinalizar melhor e educar para transformar esse cenário. A cidade precisa ser estudada com foco em soluções e não apenas em remendos”, afirmou.
Representando o poder público municipal, Laginestra garantiu o início da instalação de sinalização na Rua Augusto Spinelli e reforçou que os equipamentos já estão sendo adquiridos. Com uma frota de 142 mil veículos e um crescimento anual de 4,5%, Nova Friburgo exige planejamento, fiscalização e, sobretudo, consciência coletiva.
O comandante Aguiar, do 11º batalhão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, destacou que o policiamento atua diariamente na fiscalização de motocicletas irregulares e que a PMERJ já está intensificando esse processo com a capacitação dos agentes em curso no Rio de Janeiro. “Nova Friburgo é privilegiada pela integração entre os poderes. Esse trabalho conjunto já apresenta resultados contundentes, e seguiremos empenhados”, frisou.
A comandante do 6º Grupamento de Bombeiros Militar (GBM) de Nova Friburgo, Michelle Dias Pereira Santa Rita, trouxe dados preocupantes: somente neste ano foram registrados 154 acidentes entre motocicletas. Ela defendeu ações voltadas à conscientização não apenas dos condutores, mas também dos pedestres. “Estamos prontos para atuar ativamente neste processo educativo”, reforçou.
Já o delegado Erick da Silva Franca, da Polícia Civil, foi direto ao ponto: “Infelizmente, muitas pessoas só aprendem sob repressão. Já tivemos vários óbitos por acidentes de trânsito. O número de motocicletas apreendidas é alarmante, e é preciso fortalecer a repressão a condutas imprudentes”.
Outros pontos relevantes foram levantados, como a proposta apresentada por Janaína Borges Alves, presidente do Rotary Caledônia, de integrar imagens de câmeras particulares ao sistema de monitoramento da cidade. O coordenador da Central de Monitoramento e Cidade Inteligente, Maurício Marques, esclareceu que a tecnologia já permite essa integração, mas ainda há resistência por parte da população. A ACIANF se comprometeu a colaborar com a sensibilização dos empresários sobre o tema.
Também presente, o empresário e advogado Paulo Benitez da Silva, representante de uma autoescola no centro da cidade, destacou que, segundo estatísticas internas, mulheres são menos imprudentes no trânsito que os homens e lembrou que pilotar uma motocicleta exige muito mais do que apenas passar no exame — exige preparo real e consciência de risco. "Até setembro de 2024, 34,2 milhões de motocicletas, motonetas e ciclomotores estavam registrados no Brasil, o que representa 28% do total da frota nacional."
Roosevelt Concy, presidente da ACIANF, reforçou o compromisso da entidade com a pauta da mobilidade urbana e segurança no trânsito. “A ACIANF está atenta aos desafios que impactam a sociedade e, consequentemente, o ambiente de negócios. A mobilidade segura é um pilar fundamental da qualidade de vida. Atuaremos de forma proativa ao lado das autoridades e da sociedade civil para fomentar ações que tragam resultados concretos. Essa participação também integra a estratégia do programa ACIANF Presente, que visa estreitar o diálogo com os diversos setores da cidade e agir de forma efetiva onde for necessário”, afirmou.
A união entre os cinco clubes de Rotary de Nova Friburgo (Rotary Club Nova Friburgo, Rotary Caledônia, Rotary Imperador, Rotary Club Suspiro e Rotary Club Olaria), órgãos públicos, forças de segurança e entidades representativas como a ACIANF sinaliza o início de uma mobilização séria, que gerará impacto real nas ruas da nossa cidade. Segurança no trânsito é uma responsabilidade de todos — e a hora de agir é agora.
